O uso inadequado de medicamentos segue sendo um dos principais desafios para a saúde pública no Brasil. A automedicação, impulsionada pela desinformação e pela facilidade de acesso a medicamentos, alcança patamares alarmantes. Dados recentes indicam que 89% dos brasileiros se automedicam, muitas vezes sem qualquer orientação profissional.
A prática, além de perigosa, pode agravar doenças e mascarar sintomas graves. Especialistas alertam que tomar medicamentos sem prescrição pode causar reações adversas, intoxicações e atrasar o diagnóstico de enfermidades sérias, como infecções ou até acidentes vasculares cerebrais. “Dor de cabeça, por exemplo, pode ter dezenas de causas diferentes. Tratar sem investigar é um risco real à vida”, afirma uma farmacêutica com experiência em educação em saúde.
Outro problema sério é o descarte inadequado de medicamentos vencidos ou não utilizados. Jogar comprimidos no lixo comum ou no vaso sanitário contribui para a contaminação do solo e da água. O correto é descartá-los em pontos de coleta específicos, como farmácias e unidades de saúde que participam de programas de logística reversa.
Acumular medicamentos em casa também representa riscos, principalmente para crianças e idosos, que podem ingerir remédios por engano. Especialistas recomendam comprar apenas a quantidade necessária e manter os produtos sempre fora do alcance de pessoas vulneráveis.
A desinformação sobre o uso de remédios é considerada, inclusive, uma ameaça global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classificou a circulação de informações falsas na internet como um dos principais riscos à saúde pública. Por isso, campanhas educativas, acesso ampliado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a orientação de profissionais farmacêuticos são estratégias urgentes para conter o problema.
Iniciativas públicas e privadas têm buscado ampliar o número de pontos de coleta e conscientizar a população. No entanto, especialistas reforçam: além da estrutura, é preciso que os cidadãos mudem hábitos e compreendam que medicamento, por mais comum que pareça, é uma substância com alto potencial de risco.