O aumento na Selic para 14,25% pode esfriar de vez os financiamentos de automóveis, que já têm a maior taxa de juros da história - média de 29,5% ao ano - segundo constatou a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) baseada na série histórica do Banco Central para operações desse tipo. Com os juros nas alturas, que assustam o consumidor, muitos motoristas têm optado pelos carros por assinatura, e essa procura deve crescer, apontam empresas do setor.

João Gama, diretor de Operações da ITA Frotas, de Goiânia, confirma a tendência de aumento nas adesões aos carros por assinatura. "É uma dinâmica no mercado que a gente já tem percebido nos últimos anos. O consumidor, ao calcular os custos do financiamento, acaba desestimulado a adquirir o carro, vez que a posse do veículo acompanha vários outros gastos adicionais, como seguro, IPVA, licenciamento e manutenção", explica o gestor.

Ele acrescenta que a alta na Selic, a taxa básica de juros, pode ser vista por esse mesmo consumidor como uma oportunidade para investir o dinheiro que seria comprometido no financiamento. Isto porque, ao invés de alocar o recurso na compra do carro, que é um bem passivo, que gera despesas, "é muito mais vantajoso fazer um investimento em renda fixa, por exemplo, que oferece risco zero e ganhos, em certa medida, atraentes, considerando a rentabilidade mínima de 14,15% ao ano, praticada a partir de agora pela maioria dos bancos".

Na avaliação de Gama, a conjuntura econômica, aliada à popularização dos carros por assinatura no Brasil, está levando o país a acompanhar uma tendência vista na Europa. Estudo da empresa de consultoria, auditoria e gestão de riscos Deloitte indica que, ainda neste ano, 8% dos novos veículos registrados naquele continente serão de modelos de assinatura. Nessa modalidade de contratação, o consumidor paga apenas a mensalidade e o combustível no dia a dia, enquanto a locadora, sendo proprietária do veículo, assume todos os custos de seguro, licenciamento e manutenção do carro.