Com a volta da circulação do vírus da dengue tipo 3 em Goiás, pediatras lançam um alerta sobre os riscos da doença para crianças, especialmente as menores de 5 anos. Segundo especialistas, esse público está no grupo de risco e apresenta maior letalidade quando comparado a outras faixas etárias.
De acordo com um estudo da Fiocruz, a mortalidade em crianças de até cinco anos é três vezes superior à observada entre os pacientes de dez a 14 anos. A pediatra Mirna de Sousa, membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), explica que o problema se agrava pela dificuldade de diagnóstico. "Bebês e crianças pequenas muitas vezes não conseguem expressar os sintomas com clareza, o que leva a confusões com outras doenças, como viroses respiratórias e infecções intestinais".
Risco de epidemia com casos mais graves
O Brasil soma mais de 3 milhões de casos confirmados de dengue em 2024, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A reintrodução do tipo 3 do vírus gera preocupação por aumentar o risco de uma epidemia, já que a maioria da população nunca teve contato com esse sorotipo. "Com um sorotipo diferente circulando, todas as pessoas que já tiveram dengue tipo 1 ou 2 podem adoecer novamente, e com maior risco de complicações", alerta a especialista.
A infecção pelo sorotipo 3 apresenta sintomas semelhantes aos dos outros tipos da doença, como febre alta, acima de 38,5°C, dor de cabeça intensa - principalmente atrás dos olhos -, dores musculares e articulares, manchas vermelhas na pele, náuseas, vômitos, mal-estar e falta de apetite.
Gravidade aumenta com reinfecções e infestação do mosquito
Segundo a pediatra, o agravamento da doença em crianças pode ocorrer por fatores internos e externos. Um dos principais é a alta infestação do mosquito transmissor do vírus. "Quanto mais mosquitos circulam, maior a probabilidade de casos graves. Isso porque uma segunda infecção por um sorotipo diferente pode provocar uma reação imunológica exacerbada, levando a quadros mais severos", explica.
Outro fator relevante é a imunização da população. Quando a maioria das pessoas tem imunidade a um sorotipo, a tendência é que o número de casos graves seja menor. No entanto, como o tipo 3 não circulava há muito tempo, muitas pessoas estão vulneráveis, aumentando o risco de um surto significativo.
Prevenção
Diante do cenário, especialistas reforçam a importância de medidas preventivas, como eliminação de focos do mosquito, uso de repelentes adequados para crianças e proteção contra picadas, especialmente para bebês. "Os pais e cuidadores devem ficar atentos aos sintomas e buscar atendimento médico ao primeiro sinal da doença, evitando automedicação e garantindo o suporte adequado", conclui Mirna.