Presente em praticamente todos os lares do país, o café é mais do que uma bebida: é um hábito, uma tradição e, para muitos, um combustível diário. No entanto, o cenário recente revela que o prazer de tomar um cafezinho vem acompanhado de aumentos significativos de preço e preocupações com a saúde e o consumo consciente.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o preço mundial do grão apresentou aumentos consideráveis nos últimos anos. No Brasil, a inflação da bebida acumulou alta expressiva, pressionando o bolso do consumidor. O aumento nos preços se deve a uma combinação de fatores: mudanças climáticas severas, aumento nos custos logísticos (agravados por conflitos internacionais), alta na demanda global e redução na oferta de grandes produtores como o Vietnã.
Com isso, variedades como arábica e robusta bateram recordes, e os custos da indústria brasileira cresceram mais de 200% em determinados períodos. Parte desse impacto chega diretamente às prateleiras dos supermercados.
Para Jheneffer Duarte, professora dos cursos de Administração e Gestão da Estácio, esse movimento evidencia a fragilidade das cadeias produtivas ligadas ao clima e ao comércio exterior. “O café é extremamente sensível às variações externas, e essas oscilações afetam diretamente os hábitos cotidianos, principalmente nas classes populares”, afirma.
Ela ainda ressalta a importância da educação financeira e do consumo consciente. “Além de comparar preços e evitar desperdícios, é essencial entender o reflexo das questões econômicas globais no nosso dia a dia. O café pode ser um termômetro de planejamento familiar.”
Benefícios e cuidados com o consumo
O café puro, sem aditivos, é uma excelente fonte de antioxidantes e compostos bioativos como os polifenóis — substâncias que auxiliam no combate a inflamações e doenças crônicas. A cafeína, além de aumentar o estado de alerta, também pode melhorar o desempenho físico e mental.
Entretanto, o excesso pode trazer efeitos indesejados como insônia, irritabilidade, taquicardia e aumento da pressão arterial. O ideal é limitar o consumo a cerca de 400 mg de cafeína por dia, o que equivale de 3 a 5 xícaras, podendo variar conforme a tolerância de cada pessoa. Também é possível desenvolver dependência leve, com sintomas como dor de cabeça ou fadiga na ausência da substância.
Diante do aumento nos preços do café puro, muitas pessoas têm optado por alternativas mais baratas, como compostos de café — misturas com açúcar, gordura vegetal e aromatizantes. Apesar de acessíveis, esses produtos geralmente são menos saudáveis e podem contribuir para problemas como obesidade e diabetes. A dica é sempre ler a lista de ingredientes e escolher os produtos que contenham apenas “café”.
Outras alternativas incluem o café de cevada, sem cafeína, indicado para quem tem restrições, ou mesmo versões orgânicas, que apesar de mais caras, não utilizam agrotóxicos e se encaixam em uma alimentação mais natural. No entanto, vale lembrar: o café de cevada contém glúten e não oferece os mesmos compostos bioativos do café tradicional.
Para a nutricionista Maria Tainara, professora da Estácio, a escolha ideal é sempre aquela que respeita o equilíbrio: “O café pode ser um aliado da saúde quando consumido com moderação. Ele melhora a disposição, a concentração e pode até contribuir para a prevenção de algumas doenças. O importante é prestar atenção à qualidade do produto e à quantidade ingerida.”